Tudo Sobre: Transtorno de Pânico

O tema escolhido na enquete do Instagram para este Tudo Sobre foi “síndrome do pânico”. Importante começar dizendo que apesar desse transtorno ser conhecido por este nome, atualmente ele é chamado de Transtorno de Pânico.

Tá, mas qual a diferença entre síndrome e transtorno?

Síndrome é como chamamos um conjunto de sinais e sintomas relacionados a uma mesma doença ou condição. Geralmente não se sabe a causa exata de uma síndrome.

transtorno é um conjunto de sinais e sintomas que causam algum tipo de perturbação física e psicológica. Os transtornos podem ser relacionados a uma doença ou a uma condição, e geralmente o tratamento é multidisciplinar, envolvendo diferentes profissionais (exemplo: psicoterapia, medicação, terapia ocupacional…)

O que é o Transtorno de Pânico?

É um tipo de transtorno de ansiedade. Podemos pensar a ansiedade como uma grande categoria, com diferentes quadros e diagnósticos. O Transtorno de Pânico é um deles. Para lembrar: todo paciente com pânico é ansioso, mas nem todo paciente ansioso sofre de pânico, ok?

O Transtorno de Pânico é um tipo de transtorno de ansiedade marcado por crises intensas, recorrentes e tremendamente desconfortâveis: os ataques de pânico. São crises caracterizadas por sensação de medo, terror, falta de ar, sensação de morte iminente. É comum que esses pacientes desenvolvam certos comportamentos característicos fora das crises, como medo de ter outro ataque, de acontecer em público, evitar certas situações…

Nem sempre foi assim: um pouquinho de história

O Transtorno de Pânico é um diagnóstico oficial (ou seja, tem código CID/DSM) há cerca de 40 anos apenas, desde a 3ª edição do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, A 3ª edição era do ano de 1980).

Isso quer dizer que antes disso as pessoas não tinham pânico? Lógico que não! Mas a forma como esse transtorno era compreendido, descrito e tratado era diferente.

Antes de 1980, este transtorno era conhecido por “neurose de ansiedade”, derivado dos estudos de Freud, no início do século XX, que chamava o transtorno do pânico de “neurastenia“, em que ‘neuro’ se refere a cérebro, sistema nervoso, e ‘astenia’ significa fraqueza. O quadro era descrito como uma condição de fadiga intensa, física e mental, em que o paciente era acometido por crises intensas de terror, sufocamento, dificultando a “vida normal”.

Antes disso ainda, no século XIX, a medicina falava sobre a “síndrome do coração irritável”. Atualmente em desuso, a condição descrevia uma série de fatores típicos do que hoje conhecemos como transtorno de pânico.

É preciso ter em mente que ataques de pânico sempre ocorreram. No Antigo Egito, se acreditava que o útero era um órgão livre e quando “passeava” pelo organismo, causava sintomas desconfortáveis de medo, ansiedade, sufocamento… típicos de um ataque de pânico! E os antigos egípcios iam além: acreditavam que, com a gestação, o útero crescia e não conseguia mais andar pelo corpo. Com isso, os sintomas paravam!

Se você se interessa por essas curiosidades históricas sobre medicina e saúde, poderá gostar do nosso artigo de estudos: História da Neuropsicologia.

Como é um ataque de pânico?
  • Início súbito, ou seja, o paciente não percebe a crise chegando, não tem um sinal de que vai acontecer. Ela já se inicia de forma intensa.
  • Pode ocorrer durante o sono (paciente desperta em crise)
  • Sensação de medo ou terror
  • Sensação de sufocar, falta de ar, como se a cada respiração os pulmões não se preenchessem o suficiente
  • Taquicardia, palpitações, coração acelerado
  • Hiperventilação: paciente respira de forma curta e rápida
  • Suor
  • Tremores
  • Sensação de calor ou de frio
  • Calafrios
  • Vertigens ou tontura
  • Náuseas
  • Formigamento ou sensação de agulhadas nas mãos, braços, pés, no rosto ou ainda no abdômen
  • Boca seca
  • Garganta “fechada”, sensação de nó na garganta, piorando a falta de ar (pode ter dificuldade para engolir
  • Desconforto ou dor no peito
  • Desmaio
  • Sensação de morte, de perigo, medo de morrer
  • Medo de perder o controle ou de enlouquecer
  • Medo de acontecer algo ruim, uma tragédia, acidente…
  • Sensação de estar “fora do ar” (desrealização)

Importante: nem sempre o paciente irá apresentar todas os sinais e sintomas da crise.

Enquanto isso, no cérebro…

Tudo aquilo que fazemos ou vivenciamos tem um correlato cerebral. Ou seja, algo acontece no nosso cérebro enquanto fazemos o que fazemos e sentimos aquilo que sentimos. E com ataques de pânico não é diferente!

Quando um paciente passa por um ataque de pânico, dois neurotransmissores se desequilibram, especialmente na área do hipocampo e da amígdala cerebral: a serotonina (ligada ao equilíbrio do humor, frequência cardíaca, temperatura corporal, entre outras funções) e gaba (nosso principal neurotransmissor inibitório: ligado à sensação de calma, ao sono, entre diversas outras funções). Também ocorre vasoconstrição arterial, isto é, as artérias se “estreitam”, dificultando a circulação sanguínea e trazendo sensação de vertigem, tontura…

Ao mesmo tempo, a amígdala dispara falsos sinais de perigo iminente. Isso ativa uma descarga de adrenalina, colocando o organismo pronto para aquilo que fazemos em situações de perigo: lutar ou fugir! Porém… não tem um perigo. Nada está acontecendo no ambiente, não há contra o que lutar, não tem nada de que fugir.

Quanto tempo dura uma crise?

Os ataques de pânico são curtos, duram cerca de 15-20 minutos, sendo que o ápice, a parte mais intensa, dura cerca de 5 minutos. Apesar disso, alguns sintomas podem persistir por cerca de 1 hora após a crise.

Qual a frequência das crises?

Varia para cada paciente. Para alguns, as crises de pânico acontecem algumas vezes por mês, cerca de uma por semana. Mas existem casos com crises mais frequentes, alguns pacientes chegam a ter mais de um ataque de pânico por dia.

A crise vem mesmo “do nada”? Existem gatilhos?

Em alguns casos, o paciente identifica algum tipo de gatilho para a crise, como uma fobia ou situação em que elas acontecem (como lugares apertados, ficar preso no congestionamento, após conflito com familiares ou pessoas queridas…). Já em outros casos, a sensação do paciente é que a crise chegou “do nada”. Também vale considerar que nem sempre esses gatilhos realmente estão por trás do ataque de pânico. Pode acontecer dessa ser a interpretação do paciente, que geralmente passa a evitar intensamente as situações que associa aos ataques.

Consequências do Transtorno de Pânico: como ficam esses pacientes fora da crise?

Infelizmente o Transtorno de Pânico traz consequências ruins para o paciente, além dos ataques. O impacto no dia a dia e na qualidade de vida é muito grande:

  • Medo de ter novas crises (ansiedade antecipatória)
  • Alterações de comportamento: por exemplo, passa a evitar situações, lugares, estímulos em que já teve crise, por temer serem um gatilho para novas crises; passa a viver com extrema cautela, como se estivesse sempre à mercê de novos ataques de pânico
  • Queda na qualidade de vida
  • Queda na produtividade nos estudos e/ou no trabalho
  • Dificuldades emocionais: se sente frustrado, envergonhado, tenso…
  • Prejuízos nos relacionamentos
  • Prejuízos sociais: isolamento, medo ou vergonha de que outras pessoas presenciem uma crise ou saibam da doença, medo de ter crise em certos lugares, situações, contextos ou companhias
  • Risco de suicídio

A cada novo ataque de pânico, o paciente tende a regredir em seu tratamento. Isso acontece porque a crise reforça para a pessoa a ansiedade e alguma fobia.

O Transtorno de Pânico pode levar o paciente a desenvolver mais algum tipo de transtorno?

Sim. Além do risco de suicídio, esses pacientes apresentam maiores riscos para as seguintes comorbidades:

  • Outros transtornos de ansiedade
  • Depressão
  • Abuso de álcool ou drogas
  • Risco aumentado para doenças cardiovasculares

Importante: As comorbidades precisam ser tratadas também, pois dificultam a melhora do paciente.

Basta ter ataque de pânico uma vez para considerar que tenho Transtorno de Pânico?

Não. Os diagnósticos são mais complexos do que isso. Para fechar o diagnóstico de Transtorno de Pânico, é preciso que as crises apresentem pelo menos 4 daqueles sinais e sintomas que vimos. Também é preciso que as crises sejam recorrentes e que, pelo menos 1 mês antes da crise, o paciente tenha apresentado angústia e/ou preocupação sobre novas crises e suas consequências, além de ter realizado mudanças no comportamento e na rotina (gerando perda na qualidade de vida, impacto social ruim, etc). Outro ponto importante é que o ataque de pânico não pode ter sido causado por alguma situação que o explique (ex.: uso de substância, reação a medicamento…) nem pode ser atribuído a outro diagnóstico que explique melhor a crise.

Diagnóstico diferencial: quais doenças ou transtornos podem ser confundidos com Transtorno de Pânico?

Diagnóstico diferencial é o processo que os profissionais da saúde usam para chegar ao diagnóstico, examinando, avaliando e investigando o quadro clínico do paciente para ter certeza de que se trata de certa doença e não de outra condição parecida que pode ser confundida. Para isso, dependendo das queixas e suspeitas, podem ser realizados exame clínico, exames laboratoriais e de imagem, anamnese, testes, avaliações… No caso do transtorno de pânico, é preciso ter cuidado para não confundir com:

  • Doenças cardiovasculares: taquicardia, dores no peito e falta de ar são sintomas comuns tanto nas doenças cardiovasculares quanto no Transtorno de Pânico. Inclusive, é bastante comum que pacientes confundam um ataque de pânico com um ataque cardíaco
  • Hipertireoidismo: o desequilíbrio dos hormônios da glândula tireóide podem trazer a sensação de ansiedade e pânico
  • Abuso de substâncias: no Transtorno de Pânico, as crises não são associadas ao abuso de substâncias, nem ao efeito colateral de medicamentos
  • Outros transtornos de ansiedade: por exemplo, o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). A principal diferença é que, no caso do pânico, o paciente teve ao menos uma vez o chamado ataque de pânico com sintomas completos, quando a crise é totalmente inesperada (um bom exemplo disso são os ataques noturnos, em que a crise desperta o paciente durante o sono).
  • Doenças respiratórias: doenças como asma ou enfisema pulmonar podem trazer sensação de falta de ar, ansiedade

Como o leitor mais atento pode perceber, um bom diagnóstico diferencial é fundamental para chegar ao diagnóstico correto e ajudar o paciente a receber o tratamento mais adequado. Em certos casos, esse processo pode envolver diferentes profissionais e especialistas.

Quem é mais propenso a desenvolver Transtorno de Pânico?

Tende a ser mais comum em adultos jovens, especialmente no sexo feminino. De acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição), na maioria dos casos o primeiro ataque de pânico ocorre entre os 20 e 24 anos.

Outro ponto interessante é que o Transtorno de Pânico tende a ser menos frequente em pacientes mais maduros. Lembrando que esta é apenas uma média, uma tendência. Ou seja, pode acontecer de um paciente desenvolver pânico sendo mais jovem ou mais velho. Vamos a alguns fatores de risco:

  • Genética
  • Ter outros transtornos de ansiedade, como TAG ou TEPT
  • Estresse crônico ou passar por um grande pico de estresse
  • Traumas (ex.: acidentes, violências, uma perda muito significativa…)
  • Histórico de abuso, violência ou trauma significativo na infância
Crianças e adolescentes também podem ter Transtorno de Pânico?

Este costuma ser um transtorno muito mais comum em adultos e crises de pânico são bastante raras antes da puberdade, mas podem acontecer, sim.

No caso dos mais novinhos, é preciso investigar e acompanhar os sintomas com atenção redobrada, pois a forma como um adulto ou adolescente descreve o ataque de pânico pode ser bem diferente de como uma criança faria, embora os sintomas sejam os mesmos.

Muitas vezes, os familiares podem interpretar o ataque de pânico como “birra”, atrasando a busca por ajuda profissional. Ou, ainda, o pânico pode ser confundido com medos ou fobias devido à explicação que a criança dá para o que aconteceu, associando a crise a algo do dia a dia.

Procurar ajuda profissional para as crianças e adolescentes é fundamental. Diferente do adulto, eles ainda estão aprendendo a lidar com as relações, com o mundo, com as situações comuns da vida, e esse aprendizado pode ser marcado e influenciado pelo transtorno.

Como ajudar alguém querido que sofre de Transtorno de Pânico?

Esta foi a pergunta campeã na caixinha de sugestões do Instagram! Por isso, vamos ver algumas orientações para dois tipos de situação: o que fazer durante uma crise e o que fazer fora das crises:

1- Como ajudar alguém durante uma crise de pânico:

Mesmo que você não seja da área da saúde, fique atento a essas informações, qualquer um de nós está sujeito a presenciar uma crise, e podemos fazer toda a diferença na vida de alguém se soubermos como agir:

  • Fique calmo, nunca “entre” na ansiedade da pessoa
  • Crises de pânico, ou de ansiedade de modo geral, podem ser extremamente desconfortáveis, mas elas iniciam e passam. Alguns sintomas podem durar mais tempo, mas o pico da crise dura cerca de 5 a 10 minutos. Lembre a pessoa disso
  • Oriente a pessoa a respirar bem devagar e o mais profundo que puder. A tendência será ela ter respirações curtas e rápidas. Sempre que notar este padrão, seu trabalho é lembrar de respirar devagar e profundamente. Pode fazer algumas respirações junto com a pessoa até ela pegar o ritmo.
  • Algumas pessoas podem ter crises de pânico após um gatilho específico, como multidões, elevadores, espaços abertos… Se for o caso, segure a mão da pessoa com firmeza e tire-a do local o quanto antes
  • Lembrando: permaneça calmo. Fale com voz firme e segura, mas sem gritar. Muitas vezes durante uma crise, a pessoa pode se apegar a essa segurança na voz e na conduta do outro para buscar suas próprias forças
  • Fique com a pessoa até o final e fale que você vai ficar lá com ela
  • Não fique encostando na pessoa, nem abrace se ela não pedir
  • Evite comentários do tipo “isso não é nada” ou “isso é só coisa da sua cabeça”. Além de não ajudar, a sensação que fica para a pessoa é que as sensações e sentimentos dela não são válidos – além do mal estar que isso traz, muitas pessoas demoram a buscar ajuda por esse tipo de comentário.
  • Quando a crise passar, pergunte se a pessoa precisa de alguma coisa, se quer descansar ou companhia para ir para casa.

IMPORTANTE: Uma crise de pânico está entre as sensações mais desagradáveis que se pode ter, e é facilmente confundida com outros problemas de saúde, como ataque cardíaco. Muitos pacientes descobrem que têm pânico após ir ao hospital com suspeita de infarto. Ou seja: se não tiver certeza do que está acontecendo, o melhor é levar a pessoa imediatamente ao pronto-socorro (afinal, pode sim ser um infarto). NUNCA PRESUMA! A vida é preciosa.

2- Como ajudar alguém querido que sofre de Transtorno de Pânico – orientações gerais para momentos sem crise:

É comum que depois de passar por crises de pânico a pessoa passe a se sentir envergonhada, frustrada, insegura e com medo de ter novos episódios. Com isso, pode haver prejuízos sociais, nos relacionamentos, na carreira e infelizmente HÁ RISCO DE SUICÍDIO. Por isso, vamos a algumas atitudes que podem ajudar seu familiar ou amigo:

  • Seja compreensivo, não ridicularize, não trate como frescura ou necessidade de “chamar atenção”
  • Incentive a pessoa a buscar ajuda especializada e/ou a dar continuidade ao tratamento (que geralmente envolve psicoterapia e medicamentos)
  • Se tiverem intimidade para isso, a pessoa pode gostar de companhia nas primeiras consultas, mesmo que você fique na sala de espera ou naquela padaria perto da clínica. Muitas vezes buscar ajuda pode ser um passo que causa certa ansiedade, assim como ter que ir até lá, e ter alguém querido ao lado pode fazer toda a diferença nessa história
  • Passar a se isolar e não ser mais alguém tão presente são pontos comuns nesses pacientes e, acredite, a pessoa também não está feliz com isso. Entenda que ela não “sumiu”, não excluiu todo mundo e não “está estranha com os amigos”.
  • Convide, mas evite ficar cobrando presença e atitudes que a pessoa não consegue ter neste momento, entenda que, por enquanto, a prioridade é se cuidar.
  • Não suma. infelizmente é comum que pacientes com algum transtorno psicológico relate solidão e que os amigos não são mais tão presentes quanto antes. Passar por um problema de saúde é ruim e passar essa fase sozinha é muito pior.
  • Puxe conversa – mas não fique perguntando apenas sobre doença ou tratamentos, converse normal
  • Sugerir atividades ou passeios mais tranquilos e saídas não muito demoradas pode ser uma boa ideia para ajudar a pessoa a voltar a se abrir para atividades e a socializar de um jeito que não a deixe tão insegura
  • Ofereça ajuda, pergunte se ela precisa de algo e o que
Tenho Transtorno de Pânico. O que fazer durante uma crise?
  • Diga a si mesmo que é uma crise e, da mesma forma que ela chega, se vai
  • Se possível, vá para um local tranquilo e arejado, com pouco movimento
  • Respire profundamente e bem devagar. Inspire devagar, segure o ar por alguns segundos e solte. Lembre-se que a falta de ar é uma sensação. Apesar de desconfortável, siga respirando devagar e o mais profundamente que puder
  • Desvie o foco. Qual parte do corpo está mais confortável (ou, pelo menos, mais neutra)? Concentre-se nessa parte. Se não identificar nenhuma parte menos desconfortável, concentre-se na respiração (respirando devagar, como dissemos)
  • Se você se sentir “fora do ar”, afastado de si mesmo (desrealização), preste atenção aos estímulos do ambiente, identificando sons, texturas, concentrando-se em um objeto…
  • Saiba que a culpa não é sua
  • Descanse um pouco após a crise
  • Procure ajuda profissional e siga sempre seus tratamentos do jeitinho que os profissionais que te acompanham indicarem
Quais as diferenças entre um ataque de pânico e um infarto?

Como vimos, são sensações muito parecidas. Além disso, o medo de morrer e a ansiedade que acompanha um ataque de pânico são fatores que contribuem para que a pessoa já imagine o pior cenário possível.

No infarto, uma diferença marcante é a intensidade da dor. A dor de um infarto costuma ser intensa, como um aperto, dura bastante tempo e piora com o esforço físico. É comum a dor irradiar para o braço ou ainda ter sensação ruim no estômago, como azia.

No pânico, o paciente pode sentir formigamento nos braços, pernas ou rosto. Também pode sentir aquele “nó” na garganta. Outro sintoma que assusta muito esses pacientes é a falta de ar, sensação de sufoco ou a impressão de que a respiração não se completa (tenta respirar fundo e parece que os pulmões não se preenchem). Nenhum destes sintomas é comum em um infarto, são bastante típicos de ansiedade ou pânico.

Lembrando mais uma vez: se tiver dúvidas, vá ao pronto-socorro, especialmente se tiver fatores de risco para infarto ou algum problema cardíaco.

Como é o tratamento?

O tratamento geralmente envolve medicação e psicoterapia, conforme a necessidade de cada paciente. O tratamento costuma dar bons resultados, as crises tendem a diminuir em frequência e intensidade, até o paciente ficar assintomático.

Em cerca de duas semanas, o paciente já começa a notar alguma melhora. Mas, mesmo assim, é preciso seguir o tratamento até o fim, para evitar possíveis recaídas e outras complicações.

Alguns pacientes podem ser refratários ao tratamento, isto é, diferentes medicações e mesmo a psicoterapia podem ser pouco ou nada eficazes. Nestes casos, é possível recorrer à estimulação magnética transcraniana, com bons resultados. É um tratamento seguro, não invasivo e com poucos efeitos colaterais.

E além do tratamento, existem outras recomendações?

Existem sim! Vamos a elas:

  • Atividade física
  • Alimentação equilibrada
  • Cortar álcool, tabaco ou drogas, caso o paciente faça uso
  • Evitar cafeína
  • Cuidar do sono, em tempo e em qualidade – veja nosso artigo sobre higiene do sono
  • Técnicas de relaxamento, como relaxamento muscular, exercícios de respiração, yoga… aquilo que melhor se adaptar a cada paciente

Lembrando sempre: essas recomendações fazem muita diferença, mas NÃO substituem os tratamentos, combinado?

Entre colegas: orientações para profissionais da saúde

Alguns pontos importantes a observar em pacientes com Transtorno de Pânico:

  • A parceria entre medicação e psicoterapia é um ponto muito importante para o sucesso do tratamento. Enquanto o tratamento farmacológico atua em aspectos orgânicos, a psicoterapia irá ajudar o paciente a aprender técnicas de controle do estresse e ansiedade, higiene do sono, irá cuidar de fobias e traumas além de rever o estilo de vida, as emoções e a maneira como o paciente percebe a si mesmo e sua vida.
  • Com o tratamento certo, o paciente provavelmente sairá da crise depressa. Por isso, sempre é importante destacar que o tratamento não terminou e precisa seguir até o fim, evitando recaídas e o agravamento do quadro.
  • Antes de considerar um paciente refratário ao tratamento convencional, sempre cabe uma avaliação bastante cuidadosa. Afinal, sabemos que, muitas vezes a informação não é bem assim. Cabe observar, por exemplo, se o paciente está seguindo o tratamento da forma como foi recomendado. Se não parou a medicação ou alterou a dose por conta própria, se está indo à psicoterapia e bem envolvido no processo, se entendeu as orientações. Além disso, alguns pacientes podem precisar de um acompanhamento mais de perto. Por exemplo, pacientes que apresentem sintomas depressivos graves e, talvez, precisem que alguém acompanhe, lembre ou dê a medicação, etc.
  • Pacientes com transtorno de pânico podem ser mais suscetíveis a problemas cardiovasculares. Se houver fatores de risco, cabe encaminhar ao cardiologista para acompanhamento.
  • Desmistifique o quadro. Não é frescura, não é fraqueza, não é “coisa de maluco”. Acolha, explique, tenha empatia.
  • Orientar sobre higiene do sono e um estilo de vida saudável faz toda a diferença

Colegas, temos um grande poder nas mãos: o de mudar vidas, reduzir sofrimento e quebrar preconceitos. Vamos usá-lo bem, com ética, com amor ao próximo. Cuide bem do seu paciente, da forma como você gostaria que um colega cuidasse de um filho seu, dos seus pais, de alguém querido para você.


Quer citar este texto no seu trabalho? Legal! Pode citar assim:

CARUNCHIO, Beatriz Ferrara. Tudo Sobre: Transtorno de Pânico; Inspirati Soluções em Saúde Mental, 2022. Disponível em: <https://inspiratisaudemental.com/2022/07/04/tudo-sobre-transtorno-de-panico/> Acesso em 09 de julho de 2022.

Deixe uma respostaCancelar resposta

Descubra mais sobre

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading

%%footer%%