Se eu pudesse dar apenas um conselho aos jovens que iniciam seus estudos na área da saúde ou que estão dando os primeiros passos na carreira, seria: nunca deixa de se importar com a dor do seu paciente. Cuide dele como você cuidaria dos seus pais, de um filho, ou de alguém muito querido.
Ser um profissional da saúde “humano” não deveria ser diferencial. Entendo que muitos pacientes e colegas dizem isso de bom coração, mas se a gente for sincera, isso não deveria ser um elogio. Ser “humano”, tratar o paciente com cuidado, ética e empatia deveria ser o esperado de alguém que escolheu dedicar a carreira e a vida ao cuidado da dor de alguém.
Às vezes me pergunto em qual período do curso alguns colegas perdem a capacidade de se importar. Normalizar a dor e o sofrimento não é sinal de força, é sinal de que o sistema está falhando em algo nessa formação. Falta acolhimento aos jovens profissionais e estudantes, especialmente nas primeiras vezes que se deparam com a morte de um paciente, com algum caso em que o desfecho não foi o melhor. Você pode se importar. Pode ficar triste por ele, pode e deve se colocar no lugar – e se fosse eu/meu filho/ minha mãezinha? Pode e deveria ser acolhido pelos seus supervisores, professores e preceptores. Pelos colegas. Somos humanos… não somos?
E assim vamos deixando de lado a dignidade, o respeito, o amor ao próximo… Ser um profissional “humano” não deveria ser elogio, se importar com o paciente é o mínimo! Afinal, escolhemos cuidar.
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CARUNCHIO, Beatriz Ferrara. Sobre ser um profissional “humano” ; Inspirati Soluções em Saúde Mental, 2023. Disponível em: <https://inspiratisaudemental.com/2023/06/05/sobre-ser-um-profissional-humano/> Acesso em 05 de junho de 2023.