Autista que faz masking ainda é autista?

Sim! Mas vamos entender melhor essa história de uma vez por todas.

Masking é o nome que se dá quando uma pessoa autista imita o comportamento não autista. Por exemplo, quando copia gestos, frases de conhecidos ou da TV, tom de voz, atitudes… Isso faz parecer que a pessoa está bem adaptada e incluída (e faz até uns desavizados acreditarem que a pessoa não é mais autista!), mas não é bem assim.

Esses comportamentos nem sempre “encaixam” na situação. E, mesmo quando encaixam, geralmente eles não têm fluidez. Além disso, fazer masking é muito ruim para a pessoa autista.

Masking pode causar:
  • Cansaço extremo
  • Enjoos
  • Dores de cabeça
  • Tremores
  • Alergias
  • Aumento do estresse, depressão e ansiedade (que já são bem altos na população autista, quando comparados à população geral)
  • Crises frequentes e intensas
  • Dificuldade para se recuperar das crises

Vale lembrar que nem sempre o masking é algo consciente. Ou seja, a pessoa pode fazer sem se dar conta. E, com isso, podem surgir conflitos como:

  • “se eu faço igualzinho ao que percebo que os outros fazem, por que tenho resultados diferentes?”;
  • “nunca me sinto como eu mesmo”;
  • “parece que nunca consigo expressar direito o que eu queria dizer/fazer”;
  • “por que no filme este comentário foi adequado mas, quando eu que comentei, acharam grosseiro?”
  • “quem sou eu se eu pudesse agir naturalmente?”
A pessoa autista é incluida de verdade com comportamento adaptativo, e não com masking.

Comportamento adaptativo é aquele comportamento que a pessoa aprende e consegue usar em ocasiões oportunas, de forma funcional e respeitando os próprios limites.

Além disso, diferente do masking, o comportamento adaptativo é inclusivo. Isso quer dizer que ele tanto permite uma participação da pessoa em diferentes contextos, grupos e situações, como também quer dizer que o comportamento pode ser adaptado de acordo com as necessidades e limites da pessoa.

O comportamento adaptativo e inclusivo é diferente do masking

Porque, para começar, são comportamentos genuínos, e não uma imitação. Além disso, o comportamento adaptativo:

  • Respeita os limites da pessoa autista
  • Não gera sobrecarga, crises e desconfortos
  • “Encaixa” na situação
  • Ganham fluidez e naturalidade
Combatendo o masking
  • Identificar quando acontece
  • Promover a inclusão com as adaptações necessárias
  • Combater o preconceito contra pessoas autistas

Masking não é sinal de adaptação! E, às vezes, é repetido com tanta frequência que nem mesmo a pessoa se dá conta que aquele não é seu comportamento natural (mas sente as consequências). Atenção especial às meninas e mulheres, e também a autistas que receberam diagnóstico mais tarde.


Quer citar este texto no seu trabalho? Legal! Pode citar assim:

CARUNCHIO, Beatriz Ferrara. Autista que faz masking ainda é autista?; Inspirati Soluções em Saúde Mental, 2023. Disponível em: <https://inspiratisaudemental.com/2023/06/07/autista-que-faz-…-ainda-e-autista/> Acesso em 05 de junho de 2023.

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