A crise de sobrecarga sensorial é extremamente desconfortável. Ela acontece quando o ambiente traz mais estímulos do que o cérebro pode processar – neste caso, o cérebro não consegue deixar de lado estímulos menos importantes, por exemplo, deixar os sons da rua e se ater ao som de uma conversa, ou processar algum estímulo mais intenso que exista no ambiente.
Geralmente a sobrecarga sensorial é mais comum em:
- Transtorno do Espectro Autista
- TDAH
- TEPT
- Transtorno do Processamento Sensorial
Vale lembrar que eventualmente pode acontecer em quem não tem esses diagnósticos, em especial em situações de grande estresse, ansiedade ou no caso de estímulos muito intensos.
Durante uma crise de sobrecarga sensorial, podem acontecer:
- Cansaço extremo
- Dor de cabeça
- Sono
- Irritabilidade
- Dificuldade para se concentrar ou mesmo para “acompanhar” aquilo que se passa ao redor
- Dores ou desconfortos físicos como enjoo, coceira, tremores, tensão muscular…
- Sensação de inquietude, por exemplo, necessidade de andar, aumento de estereotipias ou a sensação de que as situações continuam (mesmo que já tenha saído do ambiente)
- Incômodo com sons, falas, luzes, cheiros, texturas… mesmo aquelas que geralmente são toleradas e habituais
- Choros e gritos são comuns em crianças (e isso não tem nada a ver com birra), mas podem acontecer nos adolescentes e adultos também
- No momento da crise e logo após, a pessoa pode ter dificuldades de fala, para se expressar ou para retomar suas atividades
Se inspira na dica: atitudes práticas para momentos de sobrecarga
- Descansar
- Respirações profundas e lentas
- Soltar a musculatura
- Sair do local, vá a algum lugar mais tranquilo
- Se possível, afrouxe as roupas, tire os sapatos, abra alguns botões
- Não reprima estereotipias, caso aconteçam
- Atividades regulatórias (como um banho morno, se alongar, se dedicar ao hiperfoco…)
- Usar óculos escuros (lembrando que nem sempre é “só” a luz que incomoda, mas este é mais um estímulo a ser somado – nem sempre podemos contornar todos os estímulos, mas este nós podemos!)
- Usar abafadores de ruídos (veja aqui como escolher o seu). Se possível, pode usar antes de ter contato com situações e estímulos mais intensos, durante e mesmo após, para se recuperar
O que fazer se outra pessoa tiver uma crise de sobrecarga?
- Acompanhe a pessoa até um lugar mais calmo. Estar ao ar livre pode ser uma boa ideia
- Afaste curiosos
- Não fique tocando na pessoa
- Não grite
- Pergunte se ela precisa de algo, se quer ajuda para ir para casa
- Esteja com ela, mas sem forçar uma interação, isso pode ser complicado para ela neste momento
Para todas as pessoas:
- Evite julgar, a pessoa também está desconfortável e não gosta de passar por isso
- Combater o bullying e o preconceito é fundamental – inclusão começa com informação e respeito
- Seria incrível ter em casa, na escola e no local de trabalho, um cantinho mais tranquilo e isolado para a pessoa se recuperar sempre que necessário. Penso que todo lugar público deveria ter um cantinho assim.
Lembrando sempre:
Sempre oriento os meus pacientes a se observarem e a observarem os detalhes do que aconteceu. Quando a gente olha para os pequenos detalhes da crise, podemos aprender a identificar padrões e sensações comuns de quando ela começa, assim como perceber que tipos de situações/sensações geram crise. Com isso, é possível agir ANTES do início da crise, reduzindo muito o desconforto do paciente e melhorando a qualidade de vida.
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CARUNCHIO, Beatriz Ferrara. O que fazer numa crise de sobrecarga sensorial?; Inspirati Soluções em Saúde Mental, 2023. Disponível em: <https://https://inspiratisaudemental.com/2023/06/05/o-que-fazer-numa…ecarga-sensorial/> Acesso em 05 de junho de 2023.