Sim, mudar um hábito pode ser mais complicado do que parece e não, não leva 21 dias. Hoje vamos te contar o porquê disso.
É comum ver essa informação circulando por aí. A ideia de que o cérebro leva 21 dias para se acostumar com um novo hábito é fruto de teorias antigas, da década de 1960. Hoje em dia já sabemos que não é bem assim que a coisa funciona.
Então em quanto tempo o cérebro cria um novo hábito?
Na realidade, o cérebro leva em torno de 2 a 3 meses para aderir a um comportamento e torná-lo um novo hábito.
Mas por que tem vezes que é tão difícil mudar ou adotar um hábito?
Tudo aquilo que a gente faz é processado pelo nosso cérebro. Até mesmo atividades que parecem super simples, como tomar um copo d’água ou caminhar ou ficar na rede social.
E quanto mais repetimos um comportamento, mais forte as redes nervosas ligadas a ele ficam. Como se a gente reforçasse e atualizasse essas redes a cada nova repetição.
Como você já deve imaginar, com o passar do tempo, essas redes se tornam cada vez mais fáceis de serem usadas – aquela história de “a prática leva à perfeição” tem sua verdade.
Então, quando pensamos em mudar ou deixar de lado um hábito antigo ou muito constante, é difícil. Porque foge daquilo que seria a resposta/reação mais óbvia e “natural” para nós.
Assim, adotar, mudar ou deixar de lado um hábito leva tempo, até que a rede seja modificada ou que uma nova rede seja criada e reforçada mais e mais.
Alguns fatores que interferem nesse tempo:
- A vontade que temos (ou não temos kkk) de aderir ao novo hábito;
- Se já existe alguma familiaridade com o comportamento que queremos transformar em hábito. Por exemplo, passar a nadar todas as manhãs pode ser mais simples para quem já sabe nadar do que para quem ainda vai aprender;
- O quanto esse novo comportamento é simples, ou seja, o quanto envolve poucos “passos”. Isso faz com que seja facilmente integrado ao dia a dia. Por exemplo, tomar um copo d’água pela manhã envolve menor necessidade de planejamento e atenção do que passar a estudar durante 1 hora toda manhã.
Mas e para deixar de ter um hábito, ou algum comportamento que queremos parar?
O cérebro sempre se percebe aderindo a um hábito, seja começar a fazer exercícios ou deixar de fazê-los, por exemplo. Isso acontece porque o cérebro não percebe as coisas da maneira como costumamos contar, mas como sequências de comportamentos. Assim, tanto criar quanto perder um hábito é sempre entendido pelo cérebro como a troca de um comportamento por outro.
Então podemos dizer que quanto mais as redes nervosas ligadas a esse hábito são “fortes”, ou seja, quato mais são usadas, e/ou antigas são, mais difícil é deixar de lado ou mudar o hábito.
Por isso, tanto para iniciar um comportamento, quanto para deixar um hábito de lado, o tempo é o mesmo. Por exemplo, veja como a gente estranha e até sente falta, sente algo meio fora do lugar, quando se tem o costume de caminhar todas as manhãs e deixa de ir um dia.
Mas se o hábito for recente, alguma coisa que começamos há poucas semanas, ou se a gente não estiver muito motivada, em poucos dias o hábito tende a se perder, pois não chegou a ser instalado por completo – as redes nervosas que dão suporte a este hábito, ao não serem reforçadas, vão deixando de atuar.
Se inspira na dica
Quando colocamos o novo comportamento na rotina, com planejamento, é mais fácil transformá-lo num hábito. Isso ocorre porque a repetição da rotina e a lembrança do hábito ao fazer um planejamento fazem com que as redes e circuitos cerebrais ligados a esse comportamento sejam ativadas e reforçadas constantemente. E, como dissemos, quanto mais uma rede é usada, mais forte e “automática” ela se torna, fazendo com que o hábito se instale de forma cada vez mais fluida.