Depressão em pessoas autistas

Este é um assunto muito necessário e nem sempre é falado. Depressão é uma das principais comorbidades do autismo. Por isso, ficar atento aos sintomas, que nem sempre são percebidos da mesma forma que em pessoas não autistas.

Leia também o especial Tudo Sobre: Transtorno do Espectro Autista

Por que é tão importante falar sobre isso?

Como dissemos, o autismo pode vir acompanhado de diferentes comorbidades e a depressão é uma das mais frequentes.

Além disso, a depressão é um transtorno que traz um grande risco à vida – e as taxas de suicídio entre autistas pode ser cerca de 4 vezes maior que no restante da população. Gente, isso é tão sério e triste que o suicídio é a causa mais comum de morte prematura entre pessoas autistas! Precisamos mudar isso, e o acesso a este tipo de informação é um ponto fundamental.

Quais autistas correm maior risco?
  • Inteligência média ou alta
  • Mulheres
  • Nível 1 de suporte, em especial quando não tem as adaptações e apoios que precisa
  • Autistas que ainda não têm diagnóstico de TEA – entendemos que receber um diagnóstico nem sempre é algo fácil e pode envolver alguns lutos, mas para a pessoa autista, ter o diagnóstico é um fator de proteção em muitos sentidos, inclusive quanto à saúde mental, pois a pessoa saberá melhor como se cuidar, o que fazer ou evitar, por exemplo.
Será que algo não está bem? O que observar:
  • Maior instabilidade emocional
  • Apatia
  • Mudanças no apetite (seja comer demais ou deixar de comer, de perceber a fome)
  • Mudanças no sono (dormir demais ou ficar sem sono)
  • Deixar de lado atividades e assuntos que gosta, até mesmo o hiperfoco
  • Aumento na frequência e/ou intensidade das crises
  • Maior dificuldade para se recuperar de uma crise
“Peça ajuda”… Mas será que é tão simples assim?

Infelizmente não é, não, e vamos dizer os motivos:

  • Nem sempre a pessoa autista demonstra suas emoções da maneira como os neurotípicos fazem (e esperam perceber)
  • Muitas pessoas autistas não conseguem identificar as próprias emoções
  • Existem autistas que são não verbais, dificultando a comunicação e o pedido de ajuda – é preciso que familiares, cuidadores e profissionais sempre tenham em mente que, mesmo que a pessoa não fale, ela entende, sente e ressente
  • Como vimos no item anterior, alguns sinais e sintomas de depressão podem aparecer de forma diferente nos autistas, por isso é preciso que familiares, cuidadores, profissionais e os próprios autistas aprendam a identificar esses sinais
Se inspira na dica

Percebeu que algo não está bem? Um tipo de desconforto que não passa, não é bem uma crise, não é exatamente uma dor… é hora de pedir ajuda.

1- Pedindo ajuda:
  • Não precisa explicar com detalhes o que está sentindo, se você tiver dificuldade para identificar ou fazer isso. Não se prenda a isso, não é o ponto mais importante
  • Pode apenas expressar: “preciso cuidar da saúde mental”
  • Combine um sinal com alguém de confiança (pode ser uma palavra, um gesto…)
  • Seja constante nas estratégias de prevenção
2- Prevenindo depressão em pessoas autistas:
  • Aprenda a perceber e identificar suas emoções – dica: elas sempre dão sinais no nosso corpo
  • Durma bem, cuide do seu sono com higiene do sono – leia sobre isso aqui
  • Estilo de vida saudável: isso inclui alimentação equilibrada, beber bastante água, fazer atividade física…
  • Todos os dias, dedique algum tempinho a algo que você gosta de fazer, pode ser o hiperfoco ou o que quiser
  • Não tente mascarar os sinais de autismo, isso aumenta muito a sobrecarga
  • Dedique-se a atividades em que você possa se expressar. Por exemplo, desenhar, escrever, música, artes…
  • Descanse após uma crise, uma atividade mais desafiadora ou alguma quebra de rotina
  • Se precisar, use recursos para modular a sobrecarga, como abafadores de ruídos – veja aqui como escolher o ideal para você

Ao perceber algum sinal de depressão ou de que algo não está bem, procure um profissional de saúde mental. Existe tratamento, as coisas não precisam ser desse jeito.


Quer citar este texto no seu trabalho? Legal! Pode citar assim:

CARUNCHIO, Beatriz Ferrara. Depressão em pessoas autistas; Inspirati Soluções em Saúde Mental, 2022. Disponível em: <https://inspiratisaudemental.com/2022/09/19/depressao-em-pessoas-autistas/> Acesso em 21 de setembro de 2022.

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